quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Expansão , Colonização Mercantilismo

A expansão marítimo-comercial européia dos séculos XV-XVI pode ser entendida como o encaminhamento, para a solução no campo econômico, da crise geral do século XIV. A necessidade vital de novas fontes produtoras de metais preciosos, a carência de trigo e o interesse pelas especiarias asiáticas, são alguns dos elementos levantados pela historiografia para explicar o processo expansionista. Este, assim, assume o caráter de empresa marítima e, principalmente, mercantil, contribuindo decisivamente para tornar possível a chamada “acumulação primitiva de capital” na Europa Ocidental.

Num segundo momento, incentiva-se a atividade mercantil, através da exploração metódica de extensas áreas tropicais (plantation) e das minas de prata e outro (sobretudo no eixo México-Peru), com a utilização de mão-de-obra compulsória. Neste sentido, pode-se entender a colonização como obra do capital mercantil, com a inserção das áreas coloniais no quadro mais amplo do Antigo Regime.

Nesta perspectiva, vale ressaltar que o sistema colonial como um todo é uma das peças do Mercantilismo, enquanto prática econômica de uma época de acumulação de capitais. Esta política garantia a acumulação porque conseguia articular os interesses do Estado com os de uma burguesia  mercantil em expansão, privilegiada com toda uma série de monopólios, concessões e exclusivismos.

As Reformas

As Reformas

Em 1517 teve inicio um dos momentos mais marcantes da Época Moderna. Trata-se da questão envolvendo Lutero e o Papa Leão X, da qual resultou a excomunhão do primeiro que, apoiado por príncipes alemães, constituiu uma nova religião, abrindo profunda brecha no poderio até então incontestável da Igreja católica. No entanto, não se pode compreender a Reforma luterana apenas pelo que ocorreu em 1517. O movimento tem causas profundas.
Importa, inicialmente, verificar que dentro da própria Igreja católica já se faziam ouvir vozes reformistas desde o período medieval. No entanto, estas vozes não conseguiam sensibilizar os elementos da cúpula da hierarquia católica, o que aprofundava cada vez mais a crise.
Assim, quando o monge agostiniano Lutero questionou determinados dogmas a Igreja, a reação papal contribuiu para uma “reforma às avessas”, a medida em que o apoio desfrutado por Lutero significou não uma reforma da, mas fora da Igreja.
Em pouco tempo, o movimento luterano ganhou corpo na Alemanha, chegando mesmo a outros países. Novas religiões foram criadas, como o calvinismo e o anglicanismo. Assim, o protestantismo expandia-se rapidamente e provavelmente teria sido maior ainda sua expansão, se a Igreja católica não tomasse uma posição no sentido de “frear” a onda protestante. No entanto, não se deve ver na “Contra-Reforma” apenas esse caráter de anti-protestantismo. Na realidade a Reforma Católica teve aí seu lugar. Aquela reforma tão ansiada e discutida desde os tempos medievais, somente agora, sob o inlfuxo do protestantismo, pode acontecer.
Os textos e documentos selecionados para o estudo deste tema tentarão oferecer ao leitor alguns elementos fundamentais para uma boa análise da amplitude do movimento.

As Causas da Reforma

Delumeau possibilita uma ampla discussão sobre as abordagens historiográficas referentes ao movimento reformista do século XVI, notadamente aquelas que analisam a Reforma, a Contra-Reforma e as Guerras Camponesas na Alemanha do século XVI, segundo a perspectiva do materialismo histórico. Para Marx e Engels, citados por Delumeau, a Reforma seria “a filha do capitalismo”, reflexão esta contestada pelo autor. Sugere, ainda, que não se pode destacar “as relações de fé e a mentalidade das massas naqueles tempos”, sob pena de o fenômeno se tornar incompreensível.

No século XVI, os Estados afirmam-se cada vez mais como grandes coletores e redistribuidores de rendimentos; apoderam-se, por meio do imposto, da venda dos cargos, das rendas, dos confiscos e de uma enorme parte dos diversos “produtos nacionais”. Esta múltipla penhora é eficaz dado que os orçamentos flutuam por junto sobre a conjuntura e seguem a maré dos preços. O desenvolvimento dos Estados está assim diretamente ligado à vida econômica, não é um acidente ou uma força intempestiva tal como pensou demasiado apressadamente Joseph A. Schumpeter. Querendo-o ou não, são os maiores empreendedores do século. É deles que dependem  as guerras modernas, com efetivos e com despesas cada vez maiores; tal como as maiores empresas econômicas: a Carrera  de Índias  a partir de Sevilha, a ligação de Lisboa com as Índias Orientais, a cargo da Casa da Índia, ou seja, do rei de Portugal.
(...) Por meio de todas estas atividades, o Estado coloca de novo em circulação o dinheiro que vem parar aos seus cofres e quanto a guerra impõe a suas exigências, despende mesmo para além dos seus rendimentos. Guerras, construções e empresas são assim, mais do que se pensa, incitamentos econômicos. (...)
Assim, os Estados possuem a agilidade da economia moderna. O Estado moderno acaba de nascer, armado e desarmado ao mesmo tempo, porque não chega para a sua tarefa: para fazer a guerra, receber os impostos, administrar os seus negócios, fazer justiça, tem de se apoiar nos homens de negócios e nos burgueses à procura  de promoção social. Mas, mesmo isso é um sinal da sua nova força. Em Castela, onde se vêem admiravelmente as coisas, todos procuram então entrar no empreendimento do Estado: os mercadores, os grandes senhores, os letrados... Organiza-se uma corrida às honras e aos lucros. E também uma corrida ao trabalho.

A expansão marítimo-comercial européia dos séculos XV-XVI pode ser entendida como o encaminhamento, para a solução no campo econômico, da crise geral do século XIV. A necessidade vital de novas fontes produtoras de metais preciosos, a carência de trigo e o interesse pelas especiarias asiáticas, são alguns dos elementos levantados pela historiografia para explicar o processo expansionista. Este, assim, assume o caráter de empresa marítima e, principalmente, mercantil, contribuindo decisivamente para tornar possível a chamada “acumulação primitiva de capital” na Europa Ocidental.

Num segundo momento, incentiva-se a atividade mercantil, através da exploração metódica de extensas áreas tropicais (plantation) e das minas de prata e outro (sobretudo no eixo México-Peru), com a utilização de mão-de-obra compulsória. Neste sentido, pode-se entender a colonização como obra do capital mercantil, com a inserção das áreas coloniais no quadro mais amplo do Antigo Regime.

Nesta perspectiva, vale ressaltar que o sistema colonial como um todo é uma das peças do Mercantilismo, enquanto prática econômica de uma época de acumulação de capitais. Esta política garantia a acumulação porque conseguia articular os interesses do Estado com os de uma burguesia  mercantil em expansão, privilegiada com toda uma série de monopólios, concessões e exclusivismos.